Ficha Técnica
Gênero: Quadrinhos
Ano de lançamento: 2012
Ano desta edição: 2012
Páginas: 114
Idioma: Português
Citação:
"Um cavalo caiu na Antuérpia. Naquele mesmo instante, em Petrópolis, d. Gertrudes estava pintando as unhas dos pés e sentiu um leve tremor... Como se algo importante tivesse acontecido.
Não há relação alguma entre os fatos.
E tem também a história da borboleta. Ela bate as asas em Rifaina... Muda de alguma forma o curso natural das coisas... E acaba provocando um tufão na Tailândia.
É uma loucura. A gente nunca sabe o momento certo de espirrar, no fim das contas. Vai que dá uma calamidade pública, sei lá...
Ou desequilibra o ecossistema do porco-espinho só porque você não esperou um segundo."
Você sabe o que é uma Máquina de Goldberg? Não? Então veja esse vídeo:
Divertido, não? Mas talvez este aqui seja familiar para você...
[Assista os vídeos, depois continue a leitura]
[Já assistiu?]
[Mesmo?]
Pois bem, agora que você já sabe o que é uma máquina de Goldberg, bem vindo à "Máquina de Goldberg"!
Vanessa
Barbara e Fido Nesti perpetraram um conto docemente juvenil sobre
descoberta, bullying e vingança! Lançada em 2012 pelo selo "Quadrinhos
na Cia.", da Companhia das Letras, "A Máquina de Goldberg" é um conto
leve e muito bem escrito por Vanessa (que já trabalhou em livros
gráficos antes).
Getúlio, um garoto gordinho e que gosta de ouvir à
banda punk "Sujos & Malvados", sofre bullying de tudo quanto é lado
(apesar do termo "bullying" não ser usado em nenhum momento no livro):
seja do instrutor do acampamento de inverno onde se passa a história
(Rufus, um ex-capitão do exército), de Pati, a garota que está "sempre
com as unhas limpas", do valentão Peterson, do ex-melhor amigo
Ferdinando... Recebendo alcunhas como "Banha", ou sendo ofendido até
pelo orientador educacional (!), que por acaso é o Rufus (?!), que o
chama de "fracassado" para baixo, Getúlio acaba ganhando a compaixão do
leitor, pois ele é tão ingênuo a ponto de aceitar todo tipo de desaforo,
sem sequer opor resistência.
Numa certa noite, cometendo o máximo
de transgressão de que é capaz (sair do alojamento depois das 9h), ele
acaba tomando contato com Leopoldo, o zelador do acampamento, e suas
máquinas de Goldberg. Nesse momento torna-se bastante divertido ler as
descrições das mais improváveis traquitanas, que não funcionariam nunca
no mundo real, mas em quadrinhos proporcionam uma diversão inigualável!
Méritos para a arte de Fido Nesti, minimalista ao extremo, e que pode
pecar um pouco na hora de retratar as expressões faciais, mas que vai
conquistando o leitor, que descobre, junto com Getúlio, um mundo
impossível de máquinas inúteis geradas para realizar, da maneira mais
complicada possível, a mais simples das tarefas! O fato da graphic novel
ser toda colorida em tons de sépia dá um quê diferenciado a ela, mesmo
não sendo uma história de época, mas talvez trazendo uma ambientação
nostálgica para aqueles que não tem mais 12 anos de idade.

A
partir daí, a insólita amizade entre o velho zelador e o jovem
injustiçado vai proporcionar que eles busquem extravasar toda a
frustração acumulada durante anos num plano arquitetado minuciosa - e
complicada - mente. Vale a pena notar o diálogo hilário entre Getúlio e
Buba, o cozinheiro, e também a visão que Getúlio tem no refeitório, que
ele próprio não entende bem o que se passou, e que acaba desencadeando
os eventos que vão culminar no plano final dos amigos. Vanessa, nesse
ponto, mostra que conseguiu enganar bem a todos, com uma história
bonitinha e ingênua que, em meia página, apresenta um conflito muito
sério e de proporções muito maiores que um simples bullying. Ela
consegue dar profundidade e relevância à sua obra, e sem ser piegas.
Aliás, a pieguice acabou por aí, porque o final é bastante cruel com os
inimigos de Getúlio, como toda boa vingança deve ser.
Se você
vibrou o mínimo que fosse com o Zangief kid, podendo dizer até mesmo
que se sentiu justiçado por ele, então "A Máquina de Goldberg" é uma
leitura que vai agradar e fazer você chegar à última página com um
grande sorriso nos lábios.
Bônus: Uma máquina de Golberg épica:
(Postado originalmente no Livros Aquáticos)
Nenhum comentário:
Postar um comentário