quinta-feira, 7 de março de 2013

A Máquina de Goldberg, Vanessa Barbara e Fido Nesti

Ficha Técnica

Gênero: Quadrinhos
Ano de lançamento: 2012
Ano desta edição: 2012
Páginas: 114
Idioma: Português

Citação: "Um cavalo caiu na Antuérpia. Naquele mesmo instante, em Petrópolis, d. Gertrudes estava pintando as unhas dos pés e sentiu um leve tremor... Como se algo importante tivesse acontecido.
Não há relação alguma entre os fatos.
E tem também a história da borboleta. Ela bate as asas em Rifaina... Muda de alguma forma o curso natural das coisas... E acaba provocando um tufão na Tailândia.
É uma loucura. A gente nunca sabe o momento certo de espirrar, no fim das contas. Vai que dá uma calamidade pública, sei lá...
Ou desequilibra o ecossistema do porco-espinho só porque você não esperou um segundo."

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Você sabe o que é uma Máquina de Goldberg? Não? Então veja esse vídeo:

 

Divertido, não? Mas talvez este aqui seja familiar para você...


[Assista os vídeos, depois continue a leitura]


















[Já assistiu?]
















[Mesmo?]















Pois bem, agora que você já sabe o que é uma máquina de Goldberg, bem vindo à "Máquina de Goldberg"!

Vanessa Barbara e Fido Nesti perpetraram um conto docemente juvenil sobre descoberta, bullying e vingança! Lançada em 2012 pelo selo "Quadrinhos na Cia.", da Companhia das Letras, "A Máquina de Goldberg" é um conto leve e muito bem escrito por Vanessa (que já trabalhou em livros gráficos antes).

Getúlio, um garoto gordinho e que gosta de ouvir à banda punk "Sujos & Malvados", sofre bullying de tudo quanto é lado (apesar do termo "bullying" não ser usado em nenhum momento no livro): seja do instrutor do acampamento de inverno onde se passa a história (Rufus, um ex-capitão do exército), de Pati, a garota que está "sempre com as unhas limpas", do valentão Peterson, do ex-melhor amigo Ferdinando... Recebendo alcunhas como "Banha", ou sendo ofendido até pelo orientador educacional (!), que por acaso é o Rufus (?!), que o chama de "fracassado" para baixo, Getúlio acaba ganhando a compaixão do leitor, pois ele é tão ingênuo a ponto de aceitar todo tipo de desaforo, sem sequer opor resistência.

Numa certa noite, cometendo o máximo de transgressão de que é capaz (sair do alojamento depois das 9h), ele acaba tomando contato com Leopoldo, o zelador do acampamento, e suas máquinas de Goldberg. Nesse momento torna-se bastante divertido ler as descrições das mais improváveis traquitanas, que não funcionariam nunca no mundo real, mas em quadrinhos proporcionam uma diversão inigualável! Méritos para a arte de Fido Nesti, minimalista ao extremo, e que pode pecar um pouco na hora de retratar as expressões faciais, mas que vai conquistando o leitor, que descobre, junto com Getúlio, um mundo impossível de máquinas inúteis geradas para realizar, da maneira mais complicada possível, a mais simples das tarefas! O fato da graphic novel ser toda colorida em tons de sépia dá um quê diferenciado a ela, mesmo não sendo uma história de época, mas talvez trazendo uma ambientação nostálgica para aqueles que não tem mais 12 anos de idade.

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A partir daí, a insólita amizade entre o velho zelador e o jovem injustiçado vai proporcionar que eles busquem extravasar toda a frustração acumulada durante anos num plano arquitetado minuciosa - e complicada - mente. Vale a pena notar o diálogo hilário entre Getúlio e Buba, o cozinheiro, e também a visão que Getúlio tem no refeitório, que ele próprio não entende bem o que se passou, e que acaba desencadeando os eventos que vão culminar no plano final dos amigos. Vanessa, nesse ponto, mostra que conseguiu enganar bem a todos, com uma história bonitinha e ingênua que, em meia página, apresenta um conflito muito sério e de proporções muito maiores que um simples bullying. Ela consegue dar profundidade e relevância à sua obra, e sem ser piegas. Aliás, a pieguice acabou por aí, porque o final é bastante cruel com os inimigos de Getúlio, como toda boa vingança deve ser.

Se você vibrou o mínimo que fosse com o Zangief kid, podendo dizer até mesmo que se sentiu justiçado por ele, então "A Máquina de Goldberg" é uma leitura que vai agradar e fazer você chegar à última página com um grande sorriso nos lábios.

Bônus: Uma máquina de Golberg épica:


(Postado originalmente no Livros Aquáticos)

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