sexta-feira, 13 de julho de 2012

The Walking Dead: A Ascenção do Governador, Robert Kirkman e Jay Bonansinga

Ficha Técnica

Título original: The Walking Dead: Rise of the Governor
Gênero: Romance
Ano de lançamento: 2011
Ano desta edição: 2012
Editora: Galera Record
Páginas: 361
Idioma: Português (tradução de Gabriel Zide Neto)

Citação: "É quase como se as vísceras estivessem caindo do céu, como chuva, em vez de estarem subindo por debaixo das rodas, ou escorrendo pela lataria, ou esguichando da grade frontal, enquanto o Escalade vai triturando os corpos. A matéria líquida se esparrama pelos vidros, ininterruptamente, com o ritmo de um gigantesco cata-vento, um caleidoscópio colorido, um arco-íris de tecidos humanos - vermelho-sangue-de-boi, verde-lodo-de-lago, amarelo-ocre, e preto-piche. Para Philip, é quase lindo."


Você conhece The Walking Dead, certo? Nunca ouviu falar em apocalipse zumbi? Cara, você está correndo um sério risco de vida...

Fenômeno mundial dos quadrinhos e da TV, TWD não poderia deixar de fazer dinheiro com livros também, oras bolas! E por isso Kirkman concebeu este "A Ascenção do Governador" para contar uma outra história de TWD (embora não seja tããããão diferente assim...). Ele contou com a ajuda de Jay Bonansinga, autor experiente de livros de terror. Talvez pela inexperiência de Kirkman com literatura (afinal, escrever para quadrinhos e para a TV é muito diferente). A verdade é que eu não sei bem quem culpar pelas partes ruins do livro, que, convenhamos, são irritantes.

A história começa 3 dias depois da praga zumbi ter tornado o mundo um inferno. Nesse aspecto você tem uma perspectiva diferente da série: os protagonistas Nick, Bobby, Brian, e seu irmão Philip com sua filhinha Penny, foram testemunhas do mundo que eles conheciam se desfazendo diante de seus olhos; os meios de comunicação saindo do ar um a um, com o passar dos dias; a estrutura conhecida com água e energia elétrica entrando em colapso aos poucos; e os mortos voltando à vida, atacando os vivos, e ninguém sabendo o que fazer. A interação da menininha com os eventos à sua volta é algo tocante, e o fato de que os adultos ficam mais vulneráveis por ter que zelar por ela traz uma dinâmica diferenciada às suas ações e decisões.

A história nesse princípio é paralela à série, pois eles também decidem ir a Atlanta procurar o centro de refugiados do qual ouviram falar. Fica parecendo a história da série requentada (afinal, como Rick, eles encontram uma metrópole tomada por milhares de zumbis), mas acaba fazendo um pouco de sentido pois o governador vai se encontrar com Rick e sua trupe cedo ou tarde, portanto eles deveriam ser da mesma região dos EUA. Mas que deixa você com um gostinho de "já vi isso antes", isso sim.

E aí começa a parte ruim. Kirkman e Bonansinga utilizam-se do clichê máximo das histórias de terror e colocam os personagens para fazer as coisas mais estúpidas do mundo, aquelas que você e todo mundo NUNCA FARIA em hipótese alguma, mas é a opção dos personagens. E esse clichê é irritante demais, ofensivo à inteligência do leitor.

Tais idiotices imperam nas primeiras duas partes do livro. Você se pega torcendo pelos protagonistas, mas eles fazem questão de foder com tudo. Vai entender. Mas são essas cagadas seguidas que acabam trazendo a emoção dos confrontos com os zumbis, e também com outras pessoas. Momentos tensos realmente não faltam.

Na terceira parte é que o livro fica interessante. Se até então ele estava morno, a ação toma conta e os conflitos (externos e internos) tomam conta da narrativa, deixando o leitor apreensivo a cada página. O final não é óbvio, e mocinhas de compleição delicada poderão sentir ojeriza a algumas atitudes tomadas por alguns personagens. No final tal dinâmica se resolve, de forma dramática, para moldar a personalidade daquele que virá a ser o grande vilão da série, o Governador.

O livro funciona, então, como um prelúdio para a terceira temporada da série de TV, e também para os aficcionados pelos quadrinhos, mas de nenhuma maneira ele é essencial para o entendimento da história; como dito anteriormente é uma outra história, embora não seja nova em sua essência. Mas o livro serve bem para você que está em crise de abstinência de TWD e quer ver alguns zumbis tendo seus cérebros explodidos. Não é nenhum cânone da literatura ocidental, mas, desde que você mantenha suas expectativas num nível médio, ele fará aquilo que se propõe: proporcionar diversão.

Ah, e na cena final, eu consegui visualizar os eventos em câmera lenta na minha mente, como um filme. É bom quando um autor consegue estimular a imaginação do leitor desse jeito.

Ah, e as cagadas dos protagonistas também servem como aviso de como NÃO agir num apocalipse zumbi. Prepare-se, porque não vai tardar.